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sábado, 10 de dezembro de 2011

5 Atividades para Testar e Desenvolver a Audição Infantil

O Bebê pode ouvir sons antes mesmo de nascer. Assim, não é surpresa que durante os primeiros nove meses de vida, ele seja capaz de:










Ouvir e responder aos sons e vozes à sua volta;


Divertir-se ouvindo histórias;


Responder ao ser chamado pelo nome


Poucas semanas após ter nascido, a capacidade auditiva da criança deve ser testada. Isto é vital já que as crianças aprendem a linguagem ouvindo, e a maioria do desenvolvimento da linguagem infantil ocorre nos primeiros dois anos da sua vida. Se um problema de audição não for detectado até ela entrar na escola, ela já terá seu desenvolvimento psicológico totalmente comprometido.






Mesmo depois de ter testado a capacidade auditiva do bebê, você precisa e deve continuar a fazer auto-testes em casa. Sua criança pode ter algum indício de perda auditiva se, quando for récem nascida, ela NÃO apresenta alguns dos seguintes indícios:






a) NÃO Se assusta, move, chora ou reage a barulhos e sons inesperados;






b) NÃO Desperta com barulho;






c) NÃO Move sua cabeça em direção ao som da sua voz ou de outros;






d) Naturalmente NÃO imita o som que ouve.






Nesse caso, você deverá consultar seu pediatra. Mais de 3 milhões de crianças, apenas na América do Norte, tem problemas de audição. No Brasil, como sempre, não existem estudos ou números a esse respeito, mas estima-se que seja um volume semelhante apesar da população ser menor.






Dessas crianças, cerca de 45 por cento (1.4 milhões) tem menos de 3 anos de idade.






Mesmo que sua criança possa ouvir imediatamente, o que ela escuta pode não lhe interessar naquele momento, assim ela pode não dar atenção. Aprenda e entenda esses episódios, mas não deixe de prestar atenção aos sinais, e continue reforçando sua observação e testando sua audição.






Eis aqui 5 (cinco) atividades que você e sua criança podem fazer juntos, para trabalhar seu potencial auditivo:










1) Falando com o Bebê:


. Faixa etária: Do nascimento em diante






Escute e fale com sua criança durante todo o dia. Não importa se ela não responde. Quando você fala com ela, você está lhe mostrando como usar os lábios e a língua. Aprenda o significado do choro e gestos do seu filho. Ouça os sons que ele faz e observe o modo como ele move seu corpo.






Faça uma imersão total do seu bebê através de palavras. Por exemplo, quando estiver vestindo sua roupa, dê nomes as cores e as coisas que você estiver colocando na cabeça e corpo dele.






Cumprimente-o toda vez que o ver. Diga seu nome frequentemente; por exemplo:


"Ôi Alberto, você dormiu bem? ", ou "Alô, Alberto, você precisa trocar as fraldas?"






Essas conversações podem parecer algo além da compreensão do bebê, mas lhe dão confiança, e enfatizam o quanto você gosta dele.










2) Cantando para o Bebê:


. Faixa etária: Do nascimento até os 3 anos






Cante para seu bebê. Quando seu filho estiver acordado, cante para ele com voz suave e melodiosa. Tente apenas entoar ou cantalorar algo em tom ameno e amoroso. Isso vai ajudá-lo a acalmar-se, e confortá-lo quando estiver agitado ou chorando (se não for o caso de choro provocado por doença). Não se preocupe se você não tiver dotes musicais apurados - para seu bebê isso não faz a menor diferença. Ele se contentará com os sons que você faz. O que lhe importa é sua presença, ali, do seu lado.






Quando o estiver alimentando, trocando fraldas, e lhe dando banho, as cantigas de ninar serão um alento para ele. Desse modo, aprenderá que a comunicação dele com você é importante, e que as pessoas prestam atenção quando estão falando umas com as outras.










3) Lendo para o Bebê:


. Faixa etária: Do nascimento em diante






Leia para seu Bebê. Nada estimula mais a inteligência de uma criança que escutar você falar. Os livros ilustrados com figuras e desenhos são magníficos para esta idade. O importante é que tenham uma ou duas palavras por página e ilustrações coloridas. Desenhos são mais definidos para seus olhos que as fotos. Deixe o bebê olhar todas as ilustrações à vontade e sem pressa.






A medida que vai crescendo, deixe que explorar as páginas de livros que contenham mais palavras. Nesse estágio, ele se diverte ouvindo sua voz e encontra nisso calma e grande conforto emocional.










4) Explique os Sons:


. Faixa etária: Do nascimento até os 3 anos






Seja isto o zumbido de um avião, ou o ronronar de um gato, observe que, aquilo que seu filho escuta, permite-lhe ajudar a entender, criar imagens mentais, imaginar e compor os elementos do seu meio ambiente.






Considere gravar os sons que ele faz aos 3 meses de idade, e a cada 3 meses de vida. *






Mostre-lhe os sons, de modo que ele se divirta ouvindo a si mesmo.






Tente lhe explicar que, a voz que está ouvindo pertence a ele.










5) Ensinando o Bebê:


. Faixa etária: Do nascimento até os 3 anos






Dê ao bebê instruções simples através de gestos e palavras. Diga a palavra "sorria" e então faça o gesto do sorriso. Ele aprenderá a imitar suas ações. E, à medida que se desenvolve, levante suas mãos ou pés e diga, "pra cima" então, abaixe-os e diga, "pra baixo".






Quando for crescendo, aponte e olhe na direção de um objeto e identifique-o. Por exemplo, aponte para seu carrinho e diga, "carro". Pegue o carrinho e identifique-o outra vez. Logo, quando você disser "carro", ele será capaz de apontar por si mesmo para o brinquedo e eventualmente pegá-lo.






Ajude seu filho a descobrir a si próprio. Coloque-o sobre um cobertor e se ajoelhe diante dele. Abaixe seu rosto de modo que fique à mesma altura do dele. Toque seu rosto e diga "rosto". Então, coloque as mãos dele sobre seu rosto, e repita. Faça a mesma coisa com outras partes do corpo, como nariz, boca ouvidos, etc.


*


Use sua imaginação e crie novas atividades.














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Fonte da Pesquisa: Departamento de Educação Pública dos Estados Unidos


Projeto: Ensinando os Pais a Ensinar.


Texto adaptado e revisado por: Alberto Filho e Jon Talber.











acessado o site em 10/12/2011 http://sitededicas.uol.com.br/artigo5at.htm

Coisas dos Pequenos

ATIVIDADES PARA CRIANÇAS (3 ANOS)


(ADAPTAÇÃO) É TUDO NOVIDADE



Até ir para a creche, a criança tem um relacionamento social restrito à sua casa, com os seus

pais ou responsáveis, e a alguns familiares.

Ao freqüentar um novo ambiente, ela precisa de um período para se adaptar ao espaço, às pessoas e às novas relações que vão surgir. O sucesso desse processo depende do acolhimento

que a instituição oferece. Na escola, a mediação do educador é determinante, pois a ele compete introduzir o novato no grupo. O ideal é manter os cuidados específicos e individuais que a criança

está acostumada a ter em casa. Por isso, é importante que um dos pais ou um responsável acompanhe os primeiros dias na creche: além de mostrar ao educador aspectos relevantes

da rotina familiar, ele vai transmitir à criança segurança até que ela consiga ficar sozinha. Para a adaptação ser completa, é fundamental também o educador compartilhar com a família as experiências inéditas que os pequenos vivenciam na escola.



A MÚSICA DOS NOMES

IDADE: A partir de 4 meses.

TEMPO: 30 minutos.

ESPAÇO: Sala de atividades, pátio ou jardim.

OBJETIVOS: Reconhecer o próprio nome e reforçar o vínculo com o educador.

Escolha uma música na qual você possa incluir o nome das crianças. Alguns exemplos: “Se Eu Fosse um Peixinho”, “A Canoa Virou”, “Ciranda, Cirandinha” e “Fui ao Itororó”. Reúna a turma em um local agradável e cante. Os bebês também podem participar, já que a intenção é fazer com que se familiarizem com os nomes. Aos que já andam, sugira uma roda, que vai se formando com aqueles que ouvem o próprio nome.



HORA DA COLHEITA

IDADE: A partir de 3 anos.

TEMPO: Uma hora.

ESPAÇO: Sala de atividades.

MATERIAL: Cartolina ou papel cartão, argila, tinta, dado com um lado de cada cor, miniatura de um passarinho (de plástico ou origami) e vasilhas ou cestinhos coloridos.

OBJETIVOS: Integrar-se ao grupo e colaborar com os colegas.

PREPARAÇÃO: Cole uma gravura ou desenhe uma árvore cheia de galhos do tamanho de uma cartolina para servir de tabuleiro. Faça frutinhas de argila, deixe secar e pinte-as com as mesmas cores do dado que será usado no jogo. Em uma das faces dele, desenhe um passarinho. Confeccione também cestinhas de origami ou arrume vasilhas com as mesmas cores do dado e providencie um brinquedo em forma de passarinho. Coloque o tabuleiro sobre uma mesa e espalhe as frutinhas pelos galhos. O passarinho deve ficar solto. Em volta do tabuleiro, espalhe as cestinhas coloridas. Jogo para quatro crianças.

Uma criança por vez lança o dado, retira da árvore a fruta da mesma cor indicada pelo dado e coloca-a na cestinha, também da mesma tonalidade. Se o dado cair com a face que traz o passarinho, é ele quem fica com a fruta.

O objetivo é colher todas antes que o passarinho as coma.



TEATRO DE BONECOS

IDADE: A partir de 1 ano e meio.

TEMPO: 30 minutos.

ESPAÇO: Sala de atividades, pátio ou biblioteca.

MATERIAL: Fantoches ou dedoches.

OBJETIVO: Conhecer a rotina da escola enquanto conversa com os personagens.

Sente-se com as crianças no chão e faça os bonecos “conversarem” com cada uma. Você pode fazer perguntas como:

- Quem trouxe você para a escola hoje?

- Você tem amigos? Quem são?

- Você já brincou no parque?

- Você já tomou lanche?



MAMÃE TEM CARTINHA PRA VOCÊ

IDADE: A partir de 2 anos.

TEMPO: Uma hora.

ESPAÇO: Sala de atividades.

MATERIAL:Canetas hidrográficas, papel e envelopes.

OBJETIVOS: Tranqüilizar-se quanto aos sentimentos de adaptação (exemplo: tristeza) e compartilhar com os pais as atividades escolares.

Distribua uma folha de papel e canetas hidrográficas para cada criança e peça que faça uma cartinha aos pais. Quando todas terminarem os desenhos, chame uma por uma e pergunte a quem a mensagem é endereçada e o que ela deseja comunicar.

Escreva o que a criança disser na mesma folha usada por ela. É importante perguntar se ela quer entregar a carta à pessoa apontada. Em caso positivo, coloque-a em um envelope e oriente a criança a entregá-la ao chegar em casa. Caso contrário,

guarde o desenho com as demais atividades





(AGRESSIVIDADE) LIBERANDO AS ENERGIAS



Mordidas, tapas, puxões de cabelo... Até os 3 anos de idade, é comum a criança expressar seus desejos e frustrações com atitudes que não são lá muito delicadas. Cabe ao adulto mostrar que há outras formas de se relacionar com o mundo. Oferecer às crianças um ambiente tranqüilo e acolhedor é o primeiro passo para diminuir a agressividade natural nessa fase: quanto maior o bem-estar, menor a necessidade de se expressar agressivamente.



CUIDADO COM A BONECA

IDADE: De 1 a 3 anos.

TEMPO: 30 minutos.

ESPAÇO:Sala de atividades.

MATERIAL: Bonecas, roupinhas de boneca, retalhos de tecido, mamadeiras e chupetas.

OBJETIVOS: Brincar de faz-de-conta durante o jogo simbólico; tocar o colega; e ter um bom relacionamento com o grupo.

Esta brincadeira é para meninos e meninas, pois tem o objetivo de desenvolver o relacionamento interpessoal, promovendo atitudes de cuidado e carinho com o outro –necessidades que são comuns a todos, independentemente do sexo. Isso vai se dar no faz-de-conta, momento que a criança aprende sobre as interações sociais. Por isso, é importante ter seu espaço garantido e valorizado na rotina. Proponha que cada um pegue uma boneca e cuide dela como se fosse sua filha. Os pequenos devem dar banho, trocar fralda e fazer carinho.



CHUVINHA DE PAPEL

IDADE: De 8 meses a 3 anos.

TEMPO: De 15 a 30 minutos.

ESPAÇO: Sala de atividades.

MATERIAL:Revistas e jornais velhos.

OBJETIVOS: Relaxar de forma ativa (e não apenas em posição de repouso) e interagir de maneira lúdica com o educador e os colegas.

Sente-se com a turma no chão, em torno de uma pilha de revistas e jornais velhos. Deixe que todos manipulem e rasguem as páginas livremente. Junte os papéis picados num monte e jogue tudo para o alto. Vai ser uma festa! Depois, o papel picado pode ser aproveitado em colagens ou modelagem de bonecos.



PAPAI VEIO BRINCAR

IDADE: De 3 meses a 1 ano.

TEMPO: 30 minutos.

ESPAÇO: Sala ampla.

MATERIAL: Aparelho de som, CDs ou fitas cassete com músicas infantis, bolas, fantoches e panos coloridos.

OBJETIVO: Interagir ludicamente com os pais por meio da brincadeira.

PREPARAÇÃO: Decore o ambiente com os panos.

Coloque uma música e peça para o pai ou a mãe se sentar no chão com o filho. Você pode conduzir as brincadeiras, como rolar uma bola para a criança ou brincar com um fantoche, apresentando possibilidades de interação. Os pais se inspiram em você ou criam brincadeiras.



JOGO DAS EXPRESSÕES

IDADE:De 2 a 3 anos.

TEMPO: 30 minutos.

ESPAÇO: Sala de atividades.

MATERIAL: Cartolina, pincéis atômicos ou tinta.

OBJETIVOS: Nomear os sentimentos e conversar sobre suas possíveis causas.

PREPARAÇÃO: Desenhe na cartolina várias carinhas com expressões faciais que demonstrem sentimentos de tristeza, alegria, raiva, medo, susto etc. Deixe algumas em branco para nomear um sentimento que apareça no decorrer da brincadeira.

Convide a criança a apontar a que mais revela a maneira como ela se sente naquele momento e a explicar os motivos daquela sensação. Ela pode, por exemplo, estar com raiva do colega porque tirou um brinquedo da sua mão.



CAMINHADA SOLIDÁRIA

IDADE: De 1 ano e meio a 3 anos.

TEMPO: De 5 a 10 minutos.

ESPAÇO: Áreas livres ou outros espaços.

OBJETIVOS: Desenvolver a idéia de grupo e a tolerância.

Esta proposta pode ser aplicada sempre que as crianças tiverem de andar juntas, como da sala para o pátio. Quem quiser correr tem de se controlar. Quem for mais lento precisa se apressar. Se houver alguém com dificuldade de locomoção, o grupo todo terá de esperá-lo.



(ARTES VISUAIS) GRANDES TALENTOS



Nos primeiros anos de vida, as crianças estão imersas no universo das imagens. Começam a perceber que podem agir sobre papéis ou telas provocando mudanças e produzindo algo para ser visto – experiência que já é estética.

Oferecer diferentes materiais aos pequenos é uma maneira de ampliar a capacidade de expressão deles e o conhecimento que têm do mundo. A vivência artística da criança será mais rica se ela tiver acesso a tintas, pincéis, lápis e canetas.



PINTAR E DESPINTAR

IDADE: De 1 a 2 anos.

TEMPO: De 10 a 15 minutos.

ESPAÇO: Sala de atividades.

MATERIAL: Um vidro grosso (janela, porta de vidro ou outra superfície transparente, desde que bem fixa, para garantir segurança), tinta guache, rolinho, pincel, esponja ou as mãos.

OBJETIVOS: Explorar e reconhecer o corpo como produtor de marcas; perceber e reconhecer as características do vidro (transparência, dureza e frieza); e observar e perceber as transformações, movimentos, formas e cores por meio da luz que atravessa o vidro.

Antes de começar a pintura, estimule as crianças a observar a superfície e suas características (lisa, fria, transparente...). Brinque de fazer caretas do outro lado do vidro, de pôr a mão atrás dele para a criança tentar pegar e de amassar o rosto contra ele. Depois, as crianças podem espalhar a tinta e observar que onde está pintado não há mais transparência. Proponha que elas pintem com o dedo e observem que a transparência volta por onde o dedo passa. Forme uma roda de conversa para retomar as experiências vividas no processo.



MARCA REGISTRADA

IDADE: De 1 a 2 anos.

TEMPO: De 5 a 10 minutos.

ESPAÇO: Sala de atividades.

MATERIAL: Cartolina ou outro tipo de papel e sagu no sabor morango ou uva.

OBJETIVOS:Explorar os materiais (sagu e papel); perceber a marca pessoal; construir a auto-imagem; ordenar formas; e relacionar sensações corporais e registro gráfico.

Pinte com o sagu a palma das mãos das crianças para que elas a imprimam sobre o papel.

Você pode pintar a sua e fazer a demonstração. Não faça o trabalho por elas. Dê liberdade de movimentos aos pequenos, mesmo que não façam carimbos, mas pinturas livres (foto na pág. ao lado). Uma variação possível desta atividade é a pintura da sola dos pés, que pode ser feita com as crianças que já andam. Elas podem imprimir os pés enquanto caminham sobre um papel comprido. Chame a atenção para o fato de as marcas ficarem bem visíveis no início e irem desaparecendo à medida que a tinta é gasta.



RASGUE E COLE

IDADE: De 7 meses a 3 anos.

TEMPO:De 10 a 20 minutos.

ESPAÇO:Sala de atividades.

MATERIAL: Papel Kraft grande, cola de farinha, revistas e papéis variados (forminha de brigadeiro, embalagem de bala de coco, figurinhas etc.).

OBJETIVO:Perceber diferentes formas, cores e estruturas tridimensionais.

PREPARAÇÃO: Faça a cola: misture em uma panela 1 litro de água, 3 colheres de sopa de farinha de trigo e 1 colher de vinagre. Mexa até engrossar e deixe esfriar. Dê às crianças diversas revistas para recortarem sem tesoura.

Coloque sobre a mesa uma folha de papel Kraft já pincelada com cola de farinha em toda a área.

Deixe à disposição das crianças os vários tipos de papel e recortes de revistas para que elas colem no papel Kraft. Vale sobrepor imagens. Ao final, pode-se fazer um painel coletivo e expor o trabalho.



UM PINCEL MUITOS PAPÉIS

IDADE: De 2 a 3 anos.

TEMPO: De 15 a 30 minutos.

ESPAÇO: Sala de atividades.

MATERIAL: Lápis de cor, giz de cera grande ou pincel grosso e vários tipos de suporte, como papel espelho, cartolina, papel cartão de cores diferentes, papel enrugado, papéis com recortes inusitados (com um furo no meio, por exemplo) ou, ainda, madeira, argila etc.

OBJETIVOS: Experimentar diferentes suportes gráficos; explorar várias possibilidades de registro gráfico; perceber diversas formas de expressão; e desenvolver habilidades motoras (dependendo do material, o ato de desenhar exige mais ou menos força, delicadeza para não rasgar etc.).

Com um mesmo pincel, lápis de cor ou giz de cera, as crianças desenham sobre papéis de diferentes cores, formas, tamanhos e texturas (e até sobre outros tipos de materiais, como a madeira). Elas vão perceber diferentes efeitos ou tonalidades de um lápis, por exemplo, quando usado sobre superfícies diversas.



(CUIDADOS E SEGURANÇA) CARINHO E ATENÇÃO



Cuidar e educar são ações que se complementam para promover um crescimento saudável. O desenvolvimento das crianças na Educação Infantil depende das oportunidades de aprendizagem oferecidas pelo mundo que as cerca. O momento do banho ou da alimentação pode ser tão rico quanto o de uma atividade de artes plásticas. Tudo depende de como é organizado.



FRALDA SEQUINHA



O tom de voz da pessoa que cuida regularmente do bebê e seu jeito de tocá-lo informam a ele sobre as relações humanas. Antes de levar a criança para o trocador, é bom dizer que vai trocar sua fralda para ajudá-la a ficar limpa, seca e confortável. Primeiro, coloque-a num bebê-conforto, com cinto de segurança, próximo a você, enquanto organiza o material necessário e lava as mãos. Forre o trocador com a toalha da criança e cubra-a com papel-toalha na região onde apoiará as nádegas, para evitar o contato com algum resíduo que possa contaminá-la. Sempre olhe em seus olhos e converse com ela durante a troca. Remova as roupas sujas e a fralda com cuidado para evitar que fezes e demais secreções respinguem e contaminem você e o ambiente. Dobre a fralda suja sobre si mesma e jogue-a no lixo, que deve ter tampa acionada por pedal e estar perto. Se o bebê estiver com resíduo de fezes, limpe sua pele com água morna corrente e sabonete líquido neutro. Se for apenas de urina, use chumaços de algodão embebido em água morna. Deposite o algodão usado no lixo, assim como as luvas – caso esteja usando. Lave as mãos da criança com sabonete e água corrente. Seque bem as dobras da pele e coloque a fralda limpa verificando se ficou confortável. Acomode a criança no bebê-conforto enquanto organiza o ambiente e a sacola da criança. Lave as mãos e retorne com ela para a sala



LONGE DO PERIGO



Há normas específicas para a construção e a adaptação de espaços de Educação Infantil, publicados tanto pelo Ministério da Saúde como pelo da Educação. Todos os materiais (brinquedos, mobiliários e utensílios) e as atividades devem seguir as normas de segurança biológica (sobre toxicidade e contaminação) e evitar acidentes. Manuais sobre o preparo da alimentação e a higiene do espaço e dos brinquedos, elaborados por profissionais habilitados, devem ser adotados. Nas creches, os acidentes mais graves – que podem ser fatais – são engasgos, aspiração de vômito ou de alimentos e quedas. As crianças podem também engolir pequenos objetos ou introduzi-los em orifícios do corpo. Há registros, ainda, de intoxicação com produtos de limpeza, assim como erro na hora da medicação. Toda creche deve ter um protocolo de como agir em caso de acidentes, saber a quem chamar e como remover a criança, se necessário. Todos os educadores devem ser treinados por profissionais habilitados, a cada seis meses, em técnicas de suporte básico de vida para crianças. Os pais precisam preencher uma ficha contendo informações sobre atendimento em situação de urgência e emergência, autorizando a remoção do filho e fornecendo o nome do serviço de saúde em que deseja que ele seja atendido.



HORA DE PAPAR



A alimentação na creche deve ser integrada à rotina de casa. Um local para as mães amamentarem é essencial. Como algumas trazem o leite materno para alimentar os bebês na sua ausência, é necessário saber armazená-lo, degelá-lo, aquecê-lo e oferecê-lo. Também é preciso conhecer o cardápio adequado para bebês que estão em aleitamento misto (leite materno e não materno) e saber preparar e servir papa de frutas ou de legumes ao bebê em processo de desmame. Seguir cuidados de higiene e segurança no preparo e na oferta dos alimentos evita graves riscos à saúde, como intoxicação alimentar. Tenha sempre em mente a necessidade de prevenir engasgos, aspiração de líquidos regurgitados e, caso esses acidentes ocorram, saber como socorrer as crianças. Alimentar os bebês requer atenção individualizada e segurança. Após os 6 meses, aqueles que ainda não se sentam sem apoio das mãos devem receber as papas em cadeirinhas tipo bebê-conforto. Os demais ficam em caldeirões colocados em semicírculos. Assim, você atende dois ou três ao mesmo tempo. Por volta dos 8 meses, as crianças podem receber uma colher para ir prendendo a pegar o alimento e levá-lo à boca – tudo bem se elas quiserem tocar a comida ou levá-la à boca com as mãos. Os pratos devem ser fundos, inquebráveis e lavados com água quente e detergente neutro. Crianças que já andam podem se sentar em cadeiras adequadas à sua altura e, pouco a pouco, aprender a servir-se, com a sua ajuda. Faz parte de a aprendizagem lavar as mãos antes das refeições e usar babador ou guardanapo.



(IDENTIDADE) QUEM SOU EU



A construção da identidade é gradativa e se dá por meio das interações sociais. Ora as crianças imitam o outro, ora diferenciam-se dele. Para ajudar os bebês nesse processo, você pode criar

situações nas quais eles se comuniquem e expressem desejos, desagrados, necessidades, preferências e vontades. Brincadeiras feitas em frente do espelho ajudam a criança a reconhecer suas características físicas. Já o desenvolvimento da auto-estima se dá conforme a criança incorpora a afeição que os outros têm por ela e a confiança da qual é alvo.



TODO MUNDO NA JANELINHA

IDADE: De 9 meses a 2 anos.

TEMPO: 30 minutos.

ESPAÇO: Sala de atividades.

MATERIAL: Cartolina, caneta hidrocor, cola e uma foto de cada criança.

OBJETIVO: Favorecer o reconhecimento da própria imagem e da dos colegas.

PREPARAÇÃO: Em uma cartolina, desenhe um trenzinho com o número de vagões correspondente à quantidade de crianças. Pendure o cartaz na parede da sala antes de elas chegarem. No dia da brincadeira, peça aos pais que mandem uma foto do filho ou da filha.

Peça aos pequenos que sentem em roda e coloquem a foto no meio do círculo. Aconchegue os bebês no grupo e converse com todos. Comente uma foto por vez. Mostre a imagem e diga: “Olha a Aninha!”, “Onde você estava?”, “Na praia, não é?”, “O seu biquíni era azul?”, “Quem já foi à praia?” Chame as crianças pelo nome, pois é muito comum na Educação Infantil o uso de apelidos.

Depois dos comentários, cole as fotos nos vagões e deixe elas apreciarem. Inclua uma foto sua também. O trenzinho fica na classe até as férias. Você vai perceber que, sempre que possível, as crianças vão chamar as pessoas que se aproximam da sala para ver as fotos.



PRODUZIDOS PARA O BAILE

IDADE: A partir de 2 anos.

TEMPO: 40 minutos.

ESPAÇO:Sala ampla.

MATERIAL: Espelho de corpo inteiro, aparelho de som, tecidos, fantasias e maquiagem (testada dermatologicamente, antialérgica e sem álcool).

OBJETIVO: Favorecer a construção da identidade com o uso do espelho.

Leve as crianças para uma sala que tenha um ou vários espelhos grandes para que todas consigam se ver ao mesmo tempo. Deixe as fantasias e os tecidos à disposição delas. Comece a atividade avisando que vai haver um grande baile e, por isso, elas precisam colocar uma roupa especial e se maquiar. Faça você a pintura no rosto das crianças ou peça ajuda a outro educador. Quando a turma estiver pronta, coloque músicas animadas e comece o baile. Depois que as crianças dançarem livremente, conduza a atividade sugerindo que façam caretas em frente do espelho, dobrem os joelhos, levantem os braços, expressem tristeza,

balancem a cabeça e movimentem os tecidos que seguram. Sugestão: maquie-se e fantasie-se você também para curtir junto.



CADÊ MINHA FOTO

IDADE: A partir de 1 ano e meio.

TEMPO: Uma hora.

ESPAÇO:Todos os espaços da escola e o tanque de areia.

MATERIAL: Fotos das crianças, cola e plástico adesivo.

OBJETIVO: Reconhecer a própria imagem e a dos colegas.

PREPARAÇÃO: Encape as fotos com o plástico adesivo para que não estraguem. Elas devem ser as que estavam no trenzinho, descrito na atividade Todo Mundo na Janelinha. Esconda-as no tanque de areia.

Quando as crianças entrarem na sala, comente: “Onde estão as fotos do painel? Sumiram! Alguém viu? Não? Vamos procurar?

Devem estar em algum lugar na escola...” Indique alguns espaços para elas procurarem as imagens, deixando o tanque de areia

por último. Se a foto encontrada não for a da própria criança, peça que ela a entregue ao dono. Quando todos estiverem com as próprias fotos, podem voltar para a sala e colá-las novamente no painel.



CADA UM É DO SEU JEITO

IDADE: 3 anos.

TEMPO: Uma hora.

ESPAÇO: Sala de atividades ou pátio.

MATERIAL:Papel Kraft, tesoura, canetas hidrocor e fita adesiva.

OBJETIVOS: Construir a imagem do próprio corpo e trabalhar a auto-estima.

Cada criança deita sobre uma folha de papel para que você possa desenhar a silhueta dela. Recorte o contorno, escreva o nome da

criança e entregue a ela para completar o desenho com olhos, mãos, joelhos etc. Nesse momento, incentive a criança a observar o próprio corpo. Não espere nada figurativo. Quando todos concluírem o trabalho, cole as silhuetas lado a lado na parede e estimule a observação: “Olha! A Iara é mais alta que o Pedro”. Converse bastante sobre as particularidades de cada uma. Esse diálogo contribui para a construção da auto-imagem e da auto-estima, pois a criança interioriza o afeto que você e os colegas têm por ela, expresso na conversa.



CAIXA DE SURPRESA

IDADE: A partir de 2 anos.

TEMPO: 30 minutos.

ESPAÇO: Sala de atividades ou pátio.

MATERIAL: Caixas de sapatos e espelhos pequenos protegidos por uma moldura resistente. Se não houver espelhos na escola, peça aos pais para providenciarem.

OBJETIVO: Brincar com a própria imagem.

PREPARAÇÃO: Peça aos pais que enviem uma caixa de sapatos enfeitada de casa. Antes de a atividade começar, cole o espelho no fundo de cada caixa.

Reúna as crianças em círculo e entregue a cada uma sua caixa. Primeiro, peça a elas que apenas segurem. Comente as diferenças entre elas.

Fale das cores, dos desenhos, se têm brilho... E avise: “Sempre que vocês abrirem a caixa encontrarão uma surpresa”. A primeira “surpresa” será a criança se ver dentro da caixa, refletida no espelho. Mantenha o espelho na caixa e, a partir da segunda vez, cada uma deve ter algo diferente, como maquiagem, escova de cabelo, saches ou outros objetos que façam parte do acervo da creche.



(INTERAÇÃO) AGIR E CONHECER



Até os 3 anos, a interação da criança com o ambiente se dá por meio da observação e da exploração do espaço, incluindo tudo o que está contido nele. Assim, para que ela adquira conhecimento por meio da ação, você pode planejar atividades que utilizem objetos variados, diversificando as possibilidades de interação também com o espaço e os colegas. Como a criança está aprendendo a falar, é fundamental conversar com ela durante as brincadeiras, mesmo que ela ainda não compreenda ou responda.





QUEM ESTÁ AQUI

IDADE: De 2 a 3 anos.

TEMPO: 30 minutos.

ESPAÇO: Sala com pouca luz.

MATERIAL: Lanternas pequenas.

OBJETIVOS: Descobrir o que há no espaço e olhar os colegas de outra maneira.

Entregue uma lanterna pequena e acesa para cada criança. Depois, leve-as a um espaço com luminosidade reduzida e sem móveis, para que não se machuquem. Ao chegar ao local, deixe que andem livremente pela sala, incentivando-as a explorar o ambiente. Uma idéia é procurar os colegas. Elas podem também iluminar partes do corpo do outro e tentar descobrir quem é.





HOJE É DIA DE NOVIDADE

IDADE: A partir de 4 meses.

TEMPO: Uma hora.

ESPAÇO: Sala de atividades.

MATERIAL: Caixa, objetos com diversas formas, texturas e tamanhos (caixinhas encapadas com papel ou tecido contendo areia, pedrinhas ou grãos variados), bexigas com um pouco de água dentro, pedaços de conduíte, rolos de papel-toalha pintados ou encapados, luvas cirúrgicas com talco, argolas, potes de filme fotográfico com miçangas, garrafas PET pequenas com pedaços de papel colorido, espelhinhos, chocalhos, tampas de vasilhas e saches.

Obs.: as caixas ou outros objetos que contêm miudezas devem estar bem vedados, para que o conteúdo não escape.

OBJETIVOS:Conhecer os objetos e formas de interagir.

PREPARAÇÃO: Espalhe almofadas pelo chão para a sala ficar aconchegante e coloque as crianças sentadas sobre elas. Os bebês também podem entrar na roda, acomodados em assentos próprios.

Inicie a brincadeira dizendo à turma que você trouxe uma caixa cheia de surpresas. Abra-a e tire de dentro

dela um objeto por vez, mostrando as várias possibilidades de manuseio, as cores e os desenhos. Essa mediação é fundamental para despertar o interesse da garotada: é observando e imitando sua ação que a criança vai ampliar o repertório de movimentos e criar variações. Quando isso acontecer, chame a atenção das demais para o novo jeito de brincar. Assim você continua estimulando a imitação. Explore ao máximo cada peça, sacudindo, jogando, empilhando, torcendo ou colocando próximo ao ouvido. Só depois entregue-a às crianças. Distribua todo o conteúdo da caixa e permita que elas troquem as peças entre si. Os bebês interagem pelo olhar, mas também podem brincar. Se eles ainda não conseguirem segurar os objetos, ajude-os. Essa atividade pode ser repetida várias vezes na semana, com os mesmos objetos ou outros novos que você trouxer. Guarde-os sempre limpos.



CANTINHO DE LEITURA

IDADE: A partir de 9 meses.

TEMPO: De 10 a 15 minutos por dia.

ESPAÇO: Sala de atividades.

MATERIAL: Tapete ou colchão, almofadas ou sofá em miniatura, bonecos de pano e fantoches de personagens familiares às crianças e vários livros.

OBJETIVOS: Interessar-se por histórias e explorar os livros.

A experiência de manusear livros desde os primeiros meses de vida colabora com o aprendizado da leitura.

Escutar histórias com regularidade também favorece a formação de melhores leitores e apreciadores do universo literário. Organize em sua sala um espaço de leitura que as crianças possam freqüentar e explorar, entrando em contato diariamente com livros, álbuns de imagens, fantoches e bonecos de pano.

Vale lembrar que esse espaço deve ser confortável, acolhedor e atrativo. Assim, as crianças se envolvem por um tempo maior com suas atividades. Os livros e demais materiais expostos precisam ser resistentes.

Se acontecer de algum ser rasgado ou amassado, conserte e ponha em uso novamente. Leia livros para o grupo. Por causa da idade, as crianças não ficarão sentadas em roda, como as mais velhas. O interesse de uma criança pequena por uma história lida pode ser percebido por reações de alegria ou tentativas de encenar a história. Observe esses sinais e incentive as crianças que os emitiram. Ao escolher as histórias para ler ou contar, opte por livros com ilustrações de qualidade. Não se preocupe com variedade, porque as crianças pequenas gostam de ouvir várias vezes a mesma história. Antes ou depois da leitura, lembre de dar um tempo para as crianças manusearem livremente os livros.



ARTE COM MINGAU

IDADE: De 8 meses a 1 ano e meio.

TEMPO: 30 minutos.

ESPAÇO: Sala de atividades ou pátio.

MATERIAL: Maisena, corante alimentar e água.

OBJETIVO: Interagir com o espaço.

PREPARAÇÃO: Em uma panela, dissolva uma colher de sopa de maisena para cada copo de água. A quantidade é de acordo com o número de crianças ou o tamanho do espaço onde a atividade será realizada. Coloque pitada de corante até a mistura ficar com a cor que você deseja. Leve-a ao fogo e mexa até que se transforme em um mingau. Deixe esfriar. Avise os pais para mandarem roupas velhas no dia da brincadeira.

Espalhe a mistura no chão da sala onde as crianças vão brincar. Deixe-as andar, engatinhar e rolar sobre o mingau, interagindo com o espaço. Atenção para que todos se divirtam e ninguém se machuque. Incentive as várias possibilidades de movimento.



(MOVIMENTO) MEU CORPO



Para a criança pequena, mover-se é muito mais do que mexer o corpo ou se deslocar. É uma forma de se comunicar. A aquisição de novas habilidades permite que ela atue de forma cada

vez mais independente no mundo. Essa autonomia só é conseguida com a confiança em si mesma e no ambiente. Por isso, é fundamental que a escola ofereça possibilidades de autoconhecimento e um espaço seguro e estimulante.



CORRIDA DE OBSTÁCULOS

IDADE: Até 3 anos.

TEMPO: De10 a 20 minutos.

ESPAÇO: Sala de atividades ou pátio.

MATERIAL: Colchonetes, tatames ou tapetes de EVA e obstáculos, como bancos, cordas, túneis, rampas etc.

OBJETIVO: Desenvolver a coordenação motora, noções de espaço, lateralidade, equilíbrio, deslocamento, esquema corporal, ritmo e atenção.

PREPARAÇÃO: Organize a sala forrando o chão com os colchonetes. Espalhe pelo ambiente alguns obstáculos.

Proponha às crianças diferentes movimentos: ajude-as a rolar com braços e pernas esticados, para a frente e para trás; sugira que engatinhem por baixo da mesa ou de uma corda amarrada a uma altura baixa, dentro de um túnel, em uma rampa, em diferentes direções e em ziguezague; dê uma força também para elas andarem de frente e de costas em cima de um banco ou sobre materiais

diversos, devagar e rápido, com passos de formiguinha e de gigante; incentive-as a trabalhar o impulso com pulos, saltos para a frente e para trás, livres ou sobre obstáculos.



CABANINHA TRANSPARENTE

IDADE: Até 3 anos.

TEMPO: De 30 a 50 minutos.

ESPAÇO: Sala de atividades ou parque.

MATERIAL: Tule com metragem suficiente para que as paredes da cabana cheguem até o chão ou várias tiras coloridas e compridas de papel celofane, bambolê, cola, tesoura, barbante, fita dupla face ou crepe e pequenos ganchos de metal no teto.

OBJETIVOS: Interagir com outras crianças e adultos; pesquisar diferentes sons e efeitos visuais com o uso de transparências, cores e texturas; ter controle motor e limites corporais em espaço pequeno; e se movimentar e se adequar a um espaço que muda de forma quando manipulado.

PREPARAÇÃO: Prenda pedaços grandes de tule ou tiras compridas de papel celofane em árvores, brinquedos de parque etc. Eles devem ir até o chão. Na sala, o tule ou celofane pode ser preso a pequenos ganchos no teto, com uma abertura central. Outra opção é amarrar tiras num bambolê, formando um círculo de caimento vertical com diversas aberturas por toda a circunferência. O tule é transparente e tem elasticidade e leveza, facilitando a manipulação das crianças sem a ajuda do adulto. Já o papel celofane produz um efeito visual de transformação das cores do ambiente e diferentes sons ao ser manipulado.

As crianças podem brincar livremente de esconder e aparecer, vendo o mundo de diferentes cores.



ESTA É LEVE, ESTA É PESADA

IDADE: De 7 meses a 3 anos.

TEMPO: De 15 minutos a uma hora.

ESPAÇO: Sala ampla, pátio com solo liso ou gramado.

MATERIAL: Várias caixas de papelão resistente de diferentes tamanhos, jornais, revistas, cola, tesoura, fita adesiva larga, fita crepe e plástico adesivo.

OBJETIVOS: Desenvolver a autonomia; pesquisar habilidades corporais; relacionar o corpo com o peso e o volume dos objetos; e desenvolver aspectos sociais, afetivos e cognitivos.

PREPARAÇÃO: Deixe algumas caixas vazias e encham outras com jornais. Fechem todas muito bem e decore-as com recortes de revistas ou fotos de bichos, brinquedos, objetos, meios de transporte, famílias, pessoas, situações de brincadeiras, de convívio social etc. A decoração deve ser feita de forma livre por você. Em alguns momentos, as imagens vão enriquecer suas aulas, quando o tema for bicho ou transporte, por exemplo. Encape as caixas com plástico adesivo para o material durar mais e para facilitar a limpeza.

Espalhe as caixas vazias e estimule as crianças a realizar diferentes atividades com elas, como carregar, empurrar, virar, rolar, empilhar etc. Com as mais pesadas, elas vão explorar outros movimentos: debruçar, subir, pular, equilibrar, saltar e virar.



COMO NA PRAIA

IDADE: De 1 a 3 anos.

TEMPO: De 15 a 30 minutos.

ESPAÇO:Tanque ou chão de areia.

MATERIAL: Roupas confortáveis, fôrmas de vários tamanhos e desenhos, baldinhos, pás, colheres, água e um aparelho de som.

OBJETIVOS: Estimular a coordenação motora e o equilíbrio; oferecer estímulos sensoriais; e desenvolver a autonomia e a socialização.

Permita que as crianças mexam com a areia livremente, apenas evitando que levem as mãos sujas à boca ou joguem areia nos olhos dos colegas. Ao mesmo tempo, estimule-as a perceber a textura da areia e as diferenças de toque quando ela está molhada ou seca. Isso possibilita novas experiências sensoriais. Questione se é mais fácil moldar quando ela está molhada ou seca. As crianças fazem desenhos e modelam a areia usando fôrmas e baldinhos, individualmente ou com a ajuda do colega. Elas podem também caminhar sobre a areia, experimentando como fica o equilíbrio numa superfície fofa. Outra opção é imprimir o formato das mãos ou dos pés, reconhecendo o próprio corpo (observando formas e tamanhos) na marca deixada. Depois, elas comparam as pegadas com os próprios pés. Enquanto a criançada anda no tanque, experimente colocar para tocar algumas músicas que falem sobre os pés.



(MÚSICA) DESCOBRIR SONS



Acriança consegue perceber sons e se expressar por meio deles desde os primeiros meses de vida.

Por desenvolver outras capacidades, como sensibilidade, intuição, reflexão, criatividade, coordenação motora, dicção e ritmo, é importante começar a educação musical desde o berçário. Você pode incentivar os pequenos a cantar, além de educá-los musicalmente ao brincar com a voz, explorando possibilidades diversas como imitar ruídos e os sons de animais, de trovão etc.

É essencial ter em mente que você atua como modelo e deve incentivar bons hábitos, como respirar tranqüilamente e manter-se relaxado e com boa postura, além de não gritar ou forçar a voz.



A NATUREZA FALA

IDADE: De 2 a 3 anos.

TEMPO: 30 minutos.

ESPAÇO: Sala de atividades, pátio ou jardim.

MATERIAL: Desenhos, recortes ou vídeos mostrando animais e cenas da natureza.

OBJETIVOS: Brincar com a voz e trabalhar as possibilidades de sons que podemos emitir; estimular a criatividade e a imaginação; e aumentar o repertório.

Com base nas imagens, faça perguntas como: “Que som faz esse animal?”, “Como é o barulho do trovão?” ou “Como esse pássaro canta?” e deixe as crianças brincarem livremente.



BRINCOS DE PARALENDAS

IDADE: De 6 meses a 3 anos.

TEMPO:30 minutos.

ESPAÇO: Sala de atividades, pátio ou jardim.

MATERIAL: Letras de músicas, brincos e par lendas.

OBJETIVO: Se divertir com a música.

Parlendas são brincadeiras com rima e sem música. Brincos são geralmente cantados e envolvem movimentos corporais, como cavalinho ou balanço.

Exemplo de brinco: Serra, Serra, Serrador (Sente a criança em suas pernas, de frente para você e fique de mãos dadas com ela, fazendo movimentos de balanceio para a frente e para trás.)

Serra, serra, serrador/ Serra o papo do vovô / O vovô está cansado / Deixa a serra descansar

Exemplo de par lenda Lá em Cima do Piano (Pode ser usado para escolher quem vai começar uma brincadeira.)

Lá em cima do piano / Tem um copo de veneno / Quem bebeu morreu / O azar foi seu



QUE SOM É ESSE?

IDADE: De 6 meses a 2 anos.

TEMPO:30 minutos.

ESPAÇO:Sala de atividades.

MATERIAL: Objetos que emitam sons – chocalhos, sinos, matracas –, instrumentos musicais e brinquedos próprios para a idade.

OBJETIVO: Descobrir e produzir diferentes sons.

O bebê é estimulado a descobrir os sons que um objeto emite. Espalhe diversos brinquedos por perto da criança e estimule-a a descobrir cada som movimentando o objeto: tocando, apertando, chocando-o com outro (foto na pág. ao lado).

É importante estimular a pesquisa de possibilidades para produzir sons em vez de ensinar um único modo de tocar um instrumento, por exemplo.



NOSSO REPERTÓRIO

IDADE: De 6 meses a 3 anos.

TEMPO: 30 minutos.

ESPAÇO: Sala de atividades.

MATERIAL: Aparelho de som e fitas cassete ou CDs variados.

OBJETIVO: Estimular o contato com a música e aprender a ouvi-la.

A música deixa de ser trilha sonora ou pano de fundo de outras atividades e passa a ser o foco. Além de estimular o ouvir, mostre à criança como acompanhar o som – batendo palmas, por exemplo, ou até mesmo cantando. É importante que ela tenha contato com um repertório musical variado – de música clássica a ritmos regionais brasileiros. Se você souber, toque um instrumento musical e cante, estimulando a criança a prestar atenção aos sons.


ACESSADO DIA 10/12 /2011
http://tialay.blogspot.com/2007/10/atividades-para-crianas-3-anos.html

domingo, 23 de outubro de 2011

A importância do brincar para o desenvolvimento e aprendizagem da criança de 0 a 6 anos: uma experiência na comunidade JK.

A importância do brincar para o desenvolvimento e aprendizagem da criança de 0 a 6 anos: uma experiência na comunidade JK.


Elaine Carli

fevereiro/2007





INTRODUÇÃO



O brincar faz parte da vida do ser humano, em especial da vida da criança, e apesar dessa atividade ter sido vista como algo sem importância, hoje, é um assunto que tem conquistado espaço nas mais diversas áreas de conhecimento.

É preciso refletir sobre a necessidade de se inserir uma metodologia ativa baseada em brinquedos e brincadeiras, considerando a idade da criança e o processo de construção do conhecimento, respeitando-se assim sua predisposição natural, pois criatividade e autonomia se desenvolvem quando se propicia à criança um ambiente familiar e escolar que favorecem essas características.

A consciência de que a fase decisiva para a criança conquistar uma aprendizagem efetiva é a que antecede o ensino fundamental, tem levado um número crescente de estudiosos a propor que a criança seja atendida mais cedo, como única solução para poder compensar as desvantagens que atingem as crianças mais pobres, dando-lhes melhores chances de sucesso quando mais tarde, entrarem na escola.

Diante disso, o atendimento da criança de zero a seis anos intensificou-se com a LDB – 1996, onde o Ministério da Educação e do Desporto propôs um documento intitulado Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, que tem como objetivo servir de referência para a elaboração dos currículos e a definição dos conteúdos básicos para Creches e Pré-escolas, além de oferecer subsídios para o trabalho do professor.

Desta maneira, o voluntariado de pessoas preocupadas com o bem comum, tem levado alegria a muitas crianças e famílias acompanhadas que através de atividades tem ampliado a compreensão dos pais sobre o desenvolvimento e a educação dos seus filhos.

A proposta da Pastoral da Criança que desde a fundação em 1983, vem aprimorando o acompanhamento às crianças menores de seis anos, tem a intenção de atuar com uma abordagem integral do desenvolvimento da criança com relação a ações básicas de saúde e nutrição desde o ventre materno até os seis anos de idade, apresentando sugestões de como abordar o assunto com os pais, envolvendo as famílias, e comunidades mais carentes.

No campo educacional elaborou-se então um programa específico que se denominou Educação Essencial, onde o objetivo é oferecer à criança as condições essenciais ao seu desenvolvimento, no âmbito familiar, sem a preocupação de organizar serviços formais como creches ou pré-escolas.

Nesse programa, as voluntárias aproveitam para debater com os participantes temas como a importância do brincar, a necessidade de oferecer brinquedos e brincadeiras que serão antes de tudo, estimuladores do seu desenvolvimento e tem como objetivo sensibilizar as famílias para a importância da atividade lúdica para a criação de laços afetivos entre as gerações.

À medida que as experiências passam a enriquecer as comunidades e famílias, vão oferecendo novas oportunidades de desenvolvimento para as crianças de baixa renda.

Já não dá mais para esconder o estrondoso fracasso escolar que as estatísticas revelam com as crianças de diferentes meios sócio-culturais. As crianças pobres são, na maioria, excluídas da escola sem ter aprendido nada de útil para sua vida e seu trabalho, considerando-se como inferiores aos outros, ou seja, aos que tem sucesso.

Os problemas, as dificuldades de aprendizagem como a leitura, escrita, cálculos matemáticos, somam-se aos problemas de atividade motora (hiperatividade, hipoatividade, dificuldades de coordenação); atenção (baixo nível de concentração); questões psicológicas (desajustes emocionais leves); memória (dificuldade de fixação); percepção (confusão entre figuras, inversão de letras); sociabilidade (inibição social, agressividade) e também a indisciplina.

Então, os alunos estão aí, cheios de problemas e dificuldades. E as escolas? Será que estão preparadas para a demanda de problemas complexos onde estão incluídas inúmeras variáveis? São alunos, professores, organização curricular, metodologia, estratégias, recursos.

É importante salientar que a escola deve valorizar os muitos saberes do aluno oferecendo-lhe meios para que se desenvolva, produzindo conhecimentos importantes e necessários para sua vida futura, colocando-o em contato com suas habilidades e dificuldades, despertando sua imaginação e a criatividade.

Mas a educação não começa na escola. Ela começa muito antes e é influenciada por vários fatores. Ao longo do seu desenvolvimento físico e intelectual, a criança passa por várias fases nas quais o ambiente familiar, as condições sócio-econômicas, o lugar onde mora e outros, têm uma importância muito grande.

A origem da pesquisa partiu de uma experiência em comunidades como voluntária da Pastoral da Criança, bem como o interesse pelo tema: “Brinquedos e Brincadeiras”, da observação e da preocupação com as crianças e sua história de vida na comunidade que está inserida, diante da sua falta de interesse, do sofrimento em resolver problemas propostos. A ação se deu no sentido de provocar uma mudança de fracasso, para uma luta coletiva pelo sucesso na alfabetização e na vida dessas crianças.

A pesquisa na Creche foi realizada através de observações, conversas em diversos grupos, em reuniões de pais e algumas palestras.

Neste sentido, pretende-se fazer um aprofundamento teórico-prático quanto ao brincar como instrumento favorecedor do processo de aprendizagem e desenvolvimento das crianças de três a seis anos de idade, partindo do questionamento: As crianças de baixa renda de três a seis anos da cidade de Imperatriz, estão tendo acesso a atividades lúdicas como meio através do qual, famílias e escolas contribuem no seu aprendizado e desenvolvimento como um todo?

O presente trabalho visa à educação, a cultura e o lazer das crianças da comunidade JK. Para a revisão bibliográfica que subsidiará a elaboração deste, com propostas de diversos teóricos, se usará os métodos histórico-lógico, indutivo-dedutivo, se fará uma investigação de campo, através dos métodos analítico-sintético e qualitativo, a partir de observações e entrevistas, a fim de avaliar a prática da utilização do brincar como suporte de diagnóstico no contexto educacional e familiar da comunidade em questão.

O trabalho apresenta a partir daí algumas ações que poderão servir de exemplos a serem analisados pelas instituições que realizam trabalho educativo com um público similar ao deste estudo e que poderão ser utilizados pelas mesmas. Dessa forma, abordaremos o lúdico no contexto do diagnóstico psicopedagógico sem desconsiderar seu papel no processo de intervenção/prevenção.

O objetivo principal aqui é analisar qual a contribuição dos brinquedos e brincadeiras no desenvolvimento do processo de aprendizagem da criança, bem como diagnosticar como as famílias de baixa renda concebem e vivenciam o brincar; relacionar o ato de brincar e o ato de aprender, analisando os benefícios proporcionados ao desenvolvimento da criança, propor um conjunto de atividades e objetos lúdicos que devem compor as brinquedotecas e por fim, explorar a riqueza do brincar em uma brinquedoteca como uma forma de exercitar capacidades daqueles que de uma forma ou outra, estão encontrando alguma dificuldade em sua história escolar.

O estudo se divide em dois momentos distintosautores que tiveram a preocupação desde a antiguidade com o que se deveria conhecer e entender sobre crianças e seu desenvolvimento; autores que discutem a evolução do aprendizado diante do brincar e a importância do aprender de uma forma prazerosa, e aqueles que têm uma proposta na utilização de atividades lúdicas na educação. São citados também aqueles que vêm buscando uma melhor forma de explorar e inserir brinquedos e brincadeiras no contexto educacional, instigando assim um efeito positivo durante o processo diagnóstico e interventivo.

Em seguida, apresenta-se a pesquisa de campo com os dados obtidos.



DIVERSIDADE METODOLÓGICA NA EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS: BREVE REVISÃO HISTÓRICA



A imaginação, a criatividade e a capacidade de transformar matérias primas em utensílios são as características básicas que separam o ser humano das demais espécies vivas. Essas condições foram adquiridas ao longo de milhares de anos, quando o homem passou a socializar-se, seja vivendo em comunidades ou pelo simples fato de domesticar alguns animais.

Em tempos de pré-história, pressupõe-se que o homem começou a fazer pinturas rupestres por acreditar que aquele desenho feito na parede da caverna traria a caça ao caçador. Um misto de superstição e necessidade impulsionou o homem primitivo à comunicação. Indubitavelmente, a utilização dos sentidos e as experiências vividas no cotidiano foram precípuas à formação do homo sapiens.

Na antiguidade se utilizavam doces e guloseimas em forma de letras e números para o ensino das crianças. Platão e Aristóteles utilizavam-se do brinquedo na educação, numa tentativa de associar a idéia de estudo ao prazer. Neste período detectou-se a importância da educação sensorial e conseqüentemente se utilizou o jogo didático, quando anteriormente, a brincadeira era considerada como recreação ou mesmo como objeto de fuga da realidade “e a imagem social da infância não permitia a aceitação de um comportamento infantil, espontâneo, que pudesse significar algum valor em si” (Wajskop, 2005,19).

Conhecida por seu obscurantismo intelectual, a idade média foi responsável pela estagnação científica na qual a sociedade européia permaneceu aproximadamente por um milênio. O domínio ideológico exercido pela Igreja Católica foi determinante para desacelerar o desenvolvimento das técnicas de ensino. Ao monopolizar a racionalidade, a Igreja pôde explorar com maior eficiência a população ignorante. Abominando o lazer e o prazer, transformou o aprendizado num processo cansativo e desinteressante.

Chegando o Renascentismo científico cultural intelectual, houve um resgate das ideologias greco-latinas, entre elas o epicurismo: a busca do prazer. Era importante, então criar mecanismos que tornassem as técnicas de ensino mais objetivas e interessantes. A partir desse período, inúmeros estudiosos preocuparam-se com tais questões e os jogos e brincadeiras inserem-se nesse contexto.

Porém, esta consciência pedagógica sobre a importância do espírito infantil (e conseqüentemente do lúdico) no processo ensino-aprendizagem, sofreu uma grave ruptura, como um ato desesperado de remissão de culpa, houve uma mudança para a paparicação; ato este condenável e objeto de discursos de vários militantes que instigando a sociedade a acreditar que a paparicação era para o seu próprio prazer e não para o afeto das crianças.

Deu-se início então, a uma escola que se reorganizou para se adaptar a essa função disciplinar, instrutiva e essencialmente contra a paparicação: uma instituição com regras discriminatórias por séries a partir de faixas etárias e do grau de conteúdo do ensino e prioritariamente uma escola com divisões internas para o estudo e para o lazer, tornando-se algo similar à escola contemporânea.

Apesar da função disciplinar do século XVII no século XVIII verificou-se uma tentativa de melhor estruturação da noção de infância. Rousseau, Pestalozzi e Froebel deram atenção especial à proteção da infância e ao modo que a criança deve viver essa fase da vida, pois acreditavam que a criança era portadora da verdade e concomitantemente a brincadeira infantil passou a ser respeitada.

A influência de tais idéias permitiu que fossem criados brinquedos voltados à educação sensorial. Wasjskop (2205,20) afirma que “esta valorização, baseada em uma nova concepção idealista e protetora da infância, aparecia em propostas educativas dos sentidos, fazendo uso de brinquedos e centrada no divertimento”.

Para Rousseau, a verdade dependia de uma “sinceridade do coração” e nada mais sincero que a criança, pois, na fase infantil o ser humano ainda não foi corrompido pela realidade social e cultural e só por isso detém o mérito de ser uma fase que deveria ser preservada.

Quando se fala em modernidade, contudo, não são necessários muitos anos para tirar o homem do seu estado natural e inseri-lo na sociedade contemporânea. A fim de tornar tal tarefa, cada vez mais rápida e eficiente, estudiosos desenvolvem maneiras de transformar crianças – supostamente representando o estado de natureza humana – no ser racional que poderá tornar-se.

Assim, creditando força ao pensamento do homem moderno que acreditava que, se existindo de fato e naturalmente a infância como uma fase especial da vida, havia necessidade de preservá-la, surge o brincar dirigido. Da observação analítico-comportamental de crianças na fase pré-escolar, os profissionais da área educacional se sentiam intrigados com o crescimento exploratório, interacional e criativo após as brincadeiras de faz-de-conta.

A partir de então, desenvolveram-se cada vez mais jogos, brincadeiras e outras maneiras de captar o interesse infantil pelo conhecimento. Friedirich Froebel, Maria Montessori e Decroly foram os primeiros pedagogos da educação pré-escolar a romper com a educação verbal e tradicionalista de sua época. Propuseram uma educação sensorial, baseada na utilização de jogos e materiais didáticos, que deveria traduzir por si só a crença em uma educação natural dos instintos infantis.

No movimento das Escolas Novas, que fazia oposição aos métodos tradicionais de ensino, que não respeitavam os mecanismos de evolução bem como a necessidade infantil, Maria Montessori se destacou por suas técnicas inovadoras, as quais são utilizadas ainda hoje não somente nas séries iniciais (três a seis anos para as quais originalmente foi criado), mas ampliaram-se indo desde o atendimento a mulheres grávidas (como orientador para o parto), como mediadoras nas dificuldades do Ensino Médio e até mesmo do Ensino Superior. “Pestalozzi deu às crianças a liberdade sem material; Froebel deu-lhes o material e Montessori deu-lhes a liberdade com material”.(Mafra, 1986,14).

Para abrir a via que levasse em conta a brincadeira, foi preciso perceber a criança como portadora do valor da verdade, da criatividade; foi preciso, sobretudo, que se desenvolvesse uma confiança quase cega na natureza. A brincadeira é boa porque a natureza pura, representada pela criança, é boa. Tornar a brincadeira um suporte psicopedagógico é seguir a natureza.

É por tudo isso que jogos educativos e brincadeiras que agucem os sentidos infantis proporcionam um aprendizado mais prazeroso. Crianças que brincam têm mais possibilidades de se tornarem jovens e adultos melhores, pois ajuda no desenvolvimento do raciocínio, ensina valores, alivia tensões, ensina a conviver a ter tolerância e o respeito às regras. É assim que os educadores deveriam despertar o interesse da criança sem que essa obrigação se tornasse demasiadamente cansativa para os pequenos.



BRINCAR E APRENDER



“Brincar e aprender são dois processos diferentes que se fazem em um mesmo espaço, descrito por Winnicott como espaço transicional, espaço da criatividade, espaço do jogar e eu acrescento espaço do aprender”. (Fernández, 2002, 101).

Longe de ser apenas uma atividade natural da criança, a brincadeira é uma aprendizagem social. As brincadeiras dos adultos com as crianças pequenas são essenciais nessa aprendizagem, pois a brincadeira permite decidir, pensar, sentir emoções distintas, competir, cooperar, construir, experimentar, descobrir, aceitar limites, surpreender-se, pois, “o brincar é o principal meio de aprendizagem da criança... a criança gradualmente desenvolve conceitos de relacionamentos causais, o poder de discriminar, de fazer julgamentos, de analisar e sintetizar, de imaginar e formular”. (Des, apud Moyles, 2002, 37).

Apesar de se saber que a criança não é um adulto que ainda não cresceu, que o importante não é ensinar, mas dar condições para que a aprendizagem aconteça e que hoje já existem pessoas preocupadas com os direitos das crianças, elas continuam desrespeitadas na sua condição de seres humanos em desenvolvimento.

Todas as crianças precisam brincar, mas nem todas têm oportunidade. Algumas porque precisam trabalhar, outras porque não têm com o que brincar, outras porque precisam estudar e conseguir notas altas.

Existem crianças socialmente prejudicadas, aquelas que não usufruem os benefícios de um lar e uma família organizada e muitas vezes sentem dificuldades em adaptar-se à escola.

São infinitas as oportunidades de descobrir e criar que estão presentes nas brincadeiras infantis. Mas, o brincar das crianças é considerado apenas uma recreação sendo que a atividade pedagógica é realizada em um outro ambiente, menosprezando assim as aquisições que essa brincadeira pode oferecer. Opondo-se a este pensamento, “a brincadeira é uma forma de atividade social infantil cuja característica imaginativa e diversa do significado cotidiano da vida fornece uma ocasião educativa única para as crianças” (Wajskop, 2005, 30).

Brincar tem características peculiares como o prazer, o desafio, limites, liberdade. Exige movimentos, flexibilidade e tem para a criança um caráter sério que não é feito de qualquer maneira, pois ela se empenha para realizar o seu melhor.

Brincando ela aprende a viver e a formar conceitos, avançando dessa forma, etapas importantes para o seu crescimento. Brincando a criança adquire experiências que serão indispensáveis no seu dia-a-dia, pois provoca, exercita, desenvolve o funcionamento do pensamento explorando suas potencialidades.

Maluf (2004, 33) pontua que “as crianças comunicam-se através do brincar e por meio dele tornam-se operativas”. A importância da brincadeira está intrinsecamente ligada ao seu valor operatório, pois, implica em assimilação de esquemas.

Pela necessidade que a criança tem de brincar é preciso criar sempre oportunidades em casa e na comunidade para que ela possa brincar livremente. Nenhuma criança brinca só para passar o tempo, brincar é sua linguagem secreta.

Além de deixar qualquer criança feliz, o brincar desenvolve os músculos, a mente, a sociabilidade, a coordenação motora e auxilia-a na superação de suas dificuldades. “Brincar é muito importante, pois enquanto estimula o desenvolvimento intelectual da criança, também ensina, sem que ela perceba, os hábitos necessários ao seu crescimento” (BETTELHEIM, apud MALUF, 2003, p.19).

Existem dois tipos de brincar: o brincar livre e o brincar dirigido. O brincar livre, conceitua-se pelo lúdico informal, geralmente no espaço familiar: de passeios, de comunicação, de informação, de descobertas, de assistir televisão, enfim, brincadeiras que, apesar de serem de iniciativa da criança, sem pretensões educativas, assumem características de aprendizagens consideráveis para ela, que se utilizando de conhecimentos pré-adquiridos, possibilitam a apreensão de novos, para apropriar-se de seu entorno, desenvolvendo sua cultura lúdica.

Agindo de forma lúdica, há possibilidade da criança assimilar a cultura do seu grupo social e interpretar os modos de vida adultos de forma participativa e essa cultura lúdica irá constituir uma bagagem cultural para a criança e se incorporar de modo dinâmico a uma cultura mais ampla.

É preciso lembrar que a cultura lúdica que evolui com a criança é em parte, determinada por suas capacidades psicológicas, as quais podem permitir ou impossibilitar algumas ações ou representações, pois o pensamento da criança evolui a partir de suas ações, por isso as brincadeiras são importantes para o desenvolvimento do pensamento infantil e “quanto maior for à imaginação das crianças, maiores serão suas chances de ajustamento ao mundo ao seu redor”.(CUNHA, 2001, p.23).

No que diz respeito ao brincar dirigido, ele é entendido à luz de algumas teorias sobre a aprendizagem, onde a atividade lúdica é direcionada para fins de aprendizagem e a criança vive experiências em níveis diferentes de complexidade e envolve assim através do brincar, suas capacidades cognitivas, ou seja, o brincar dirigido como um procedimento que pode compor o processo diagnóstico do psicopedagogo.

Portanto para dar mais sentido às brincadeiras, deve-se propor atividades que exercitem sua imaginação, criatividade, equilíbrio, agilidade de movimentos e raciocínio. Conseqüentemente, que o brincar livre e o brincar dirigido, desenvolvem-se em uma inter-relação positiva. No brincar livre, a criança utiliza sua cultura lúdica aliada ao que aprendeu no brincar dirigido. Por sua vez, será observado no brincar dirigido as experiências adquiridas pelo brincar livre com outras crianças.

Assim sendo, as crianças precisam de tempo, espaço, companhia e material para brincar. Desta maneira a escola pode e deve reunir experiências para que aprendam e assimilem nesse processo de descobertas que é fundamental para o seu desenvolvimento.

Na área da educação, a preocupação com o lúdico se manifesta apenas pela qualidade dos brinquedos disponíveis no acervo, sem se levar em conta os significados que esses objetos carregam. Não se trata de intervir psicopedagogicamente em toda a brincadeira, mas de compreender a especificidade e importância da intervenção e prevenção que pode existir na brincadeira, atentando para o fato de que hoje já não se pode mais educar apenas com lápis, papel, mesa e cadeiras,

O educador pode, portanto, construir um ambiente que estimule a brincadeira em função dos resultados desejados. Não se tem certeza de que a criança vá agir, com esse material, como desejaríamos, mas aumentamos, assim as chances de que ela o faça; num universo sem certeza, só podemos trabalhar com probabilidades. (Brougère, 2000,105).



A brincadeira com intenção psicopedagógica é aquela organizada de maneira que os participantes sejam ajudados a desenvolver confiança em si mesmo, em suas capacidades e a ser empático com os outros, ou seja, um ser pensante, com possibilidades de expansão no seu desenvolvimento pleno.



DIVERSOS OLHARES SOBRE O BRINCAR: VIGOTSKY, PIAGET, MONTESSORI, FERNÁNDEZ, MACEDO.



Estudiosos contemporâneos como Piaget, Vigotsky, Montessori Alicia Fernandes e Lino de Macedo deram um destaque especial ao brincar da criança atribuindo-lhe papel decisivo na evolução dos processos de desenvolvimento humano.

Para Vigostsky, no brincar, a criança está sempre acima de sua idade média, acima de seu comportamento diário. Assim na brincadeira, as crianças manifestam certas habilidades que não seriam esperadas para sua idade. Daí vê-se o quanto o brincar é benéfico ao aprendizado, pois a pessoa está em condição favorável para aprender.

Vigotsky diz que,

A promoção de atividades que favoreçam o envolvimento da criança em brincadeiras, principalmente aquelas que promovem a criação de situações imaginárias, tem nítida função pedagógica. A escola e, particularmente, a pré-escola poderiam se utilizar deliberadamente desse tipo de situações para atuar no processo de desenvolvimento das crianças. (Vigostsky apud Oliveira, 2004, 67).



Para ele a imaginação em ação ou brinquedo é a primeira possibilidade de ação da criança numa esfera cognitiva que lhe permite ultrapassar a dimensão perceptiva motora do comportamento. O brinquedo concede as estruturas básicas necessárias para as mudanças das necessidades e da consciência infantil, vivenciando uma experiência, no ato de brincar, como se fosse bem maior do que realmente é.

Piaget a reconhece como um instrumento que favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e social principalmente no nos períodos sensório-motor e pré-operatório onde diz que “agindo sobre os objetos, as crianças, desde pequenas, estruturam seu espaço e o seu tempo, desenvolvem a noção de causalidade, chegando à representação e, finalmente, à lógica”. (Piaget, apud Kishimoto, 1996, 95).

Desse modo, deve-se então respeitar o interesse do aluno e trabalhar a partir da sua espontaneidade, formulando os desafios necessários à sua capacidade e acompanhando seu processo de construção do conhecimento.

Para esse autor, também é a representação em atos, através do jogo simbólico, a primeira possibilidade de pensamento propriamente dito, marcando a passagem de uma inteligência sensório – motora, para uma inteligência representativa pré – operatória.

Uma outra importante contribuição nesta temática foi a de Maria Montessori que desenvolveu um método e debruça-se sobre uma proposta educacional onde o aluno é o sujeito de sua própria educação proporcionando-lhes a possibilidade de vivenciar os valores que se propõe atingir ao longo da ação educativa que exercem, bem como, propiciar a liberdade de movimentos e autodisciplina e a autodeterminação. Nele o educando é educador de si mesmo, tendo a possibilidade de escolher seu trabalho, de se mover por conta própria, de se tornar responsável pelo seu progresso e crescimento. “Pelo método, o educando caminha para a independência e liberdade, numa atividade autodirigida”. ( Mafra, 1986, 22).

O método Montessori não foi inventado, foi construído no dia a dia da criança e colorida peças sólidas de tamanhos, formas e texturas diferenciadas fazem parte das estratégias propostas que aguçam os pequenos a abrir, fechar, encaixar, abotoar, tatear, calcular, contar e uma infinidade de outros atrativos que provocam o raciocínio e auxiliam todo tipo de aprendizado do sistema decimal à estrutura da linguagem.

O material dourado é um exemplo dos materiais criados por Maria Montessori que ainda hoje é largamente usado nas escolas públicas e particulares do Brasil e do mundo todo.

As contribuições dessa médica, pedagoga, antropóloga e psicóloga para a área educacional, são ainda hoje universais como se percebem na utilização da disposição circular dos alunos, os jogos pedagógicos sempre disponíveis, os cubos lógicos de madeira para o ensino de matemática, como também na utilização do preceito da criança ser o condutor do próprio aprendizado; o educador ser um mediador do conhecimento e ainda, a educação voltada para o desenvolvimento de seres humanos autoconfiantes e independentes que visam tanto o bem individual quanto o bem coletivo.

Na área Psicopedagógica, renomados autores como Sara Paín, Alicia Fernandes, Lino de Macedo, entre outros, chamam atenção para o fato do brincar como um trabalho preventivo e várias pesquisas demonstram que a eficácia tem influência dos professores podem estar enriquecendo seu trabalho, diversificando recursos,

Dada a amplitude dos fatores que intervêm na determinação das causas de dificuldades ou problemas de aprendizagem, o diagnóstico e tratamento psicopedagógico, além de outros, muito se vale dos procedimentos utilizados na psicoterapia e no psicodiagnóstico, dentre os quais encontra-se o jogo ou o brincar. (PAIN, apud SISTO, 2001 p. 174).



As crianças fazem da brincadeira uma ponte para o imaginário e a partir dele muito pode ser trabalhado. Contar, ouvir histórias, dramatizar, jogar com regras entre outras atividades constituem meios prazerosos de aprendizagem. Além disso, expressam suas criações e emoções, refletem medos e alegrias, desenvolvem características importantes para a vida adulta.

Com efeito, o brincar se constitui como recurso da psicopedagogia, tanto para tratar dos distúrbios, quanto levantar hipóteses diagnósticas, a respeito da estruturação lógica do pensamento nos fornecendo informações sobre como está organizados o pensamento da criança, seu nível operatório e sua elaboração prática nos processos de vencer situações problemas nos aspectos afetivos, sociais e cognitivos.

Mas como precisar a importância do brincar na escola? Como pensar no brincar como construção do conhecimento? Lino de Macedo faz uma argumentação eficaz quanto a isso “... o conhecimento tratado como um jogo pode fazer sentido para a criança. Não se trata de ministrar os conteúdos escolares em forma de jogo... mas possibilitar que aprendam com seriedade, com leveza e prazer; sem medo”.(Macedo, 1997, 139).

A postura psicopedagógica é propiciar modalidades de aprendizagem que possibilitem para cada ser aprendente sua singularidade através de experiências, e quanto a isso Fernández (2001, 71) diz que “o jogar-brincar da criança não só é produtor do sujeito enquanto sujeito desejante, mas também enquanto pensante. A inteligência se constrói a partir do jogar-brincar”.

Resgatar o prazer em aprender, já desconhecido por muitas crianças, e conseqüentemente proporcionar mais e melhores condições de desenvolvimento se faz necessário e urgente.

A importância do brincar tem sido evidenciada também em pesquisas recentes que levam a supor que o brincar pode aumentar certos tipos de aprendizagens, em particular, aqueles que requerem processos cognitivos mais elaborados Através da imaginação e da exploração, as crianças desenvolvem suas próprias teorias do mundo, que permitem a negociação entre o mundo real e o imaginado por elas. Assim, dando tempo para brincar, um ambiente para explorar e materiais que favoreçam as brincadeiras, os adultos estarão promovendo a aprendizagem das crianças.

As brincadeiras proporcionam o aprender fazendo e brincando, possibilita à criança apreender novos conceitos, adquirir informações e até mesmo superar dificuldades que venham a encontrar em suas tentativas de aprendizagem.

A sociedade em si reconhece o brincar como parte da infância. Essa nobre atividade é destacada como vimos nas várias concepções teóricas, onde cada um à sua maneira, mostra a importância da brincadeira para o desenvolvimento infantil como também para a aquisição de conhecimentos.

Diante da relevância do brincar para o desenvolvimento da criança viu-se a partir da década de 60 surgirem as brinquedotecas na Europa e no Brasil em 1980, estimulando instituições a destinarem atenção ao ato de brincar.

O professor Airton Negrine argumenta que

Quando estamos no âmbito de uma brinquedoteca infantil, podemos afirmar que é jogando que a criança constrói conhecimento. É através do jogo que os processos mentais elementares vão se transformando em processos mentais superiores. . . ao brincar a criança faz uma releitura do seu contexto sócio-cultural emergente, amplia, modifica, cria e recria através dos papéis que elege para representar. (Santos, 1997,86).



As funções das brinquedotecas mantêm um elo direto tanto com as crianças como também com contexto na qual está inserida. Entre elas, orbitam as funções: pedagógica, social e comunitária.

A brinquedoteca de cunho pedagógico é a que favorece a possibilidade de escolha de bons brinquedos para subsidiar a utilização dirigida das brincadeiras. Eles são classificados, organizados e catalogados pelas suas características, para que os educadores possam levá-los para a classe e usá-los em determinadas situações de aprendizagem.

Favorecer o acesso a brinquedos e aos jogos que normalmente as crianças de baixa renda não teriam possibilidades de contato, faz parte da função social da brinquedoteca.

Já a função comunitária prioriza a apreensão de conceitos como: respeito, ajudar e ser ajudado, cooperação e compreensão, com o auxílio dos jogos em grupo.

Como conseqüência imediata quanto à sua criação, a brinquedoteca pode adquirir várias características conforme a necessidade da comunidade que a originou.

A criação de uma brinquedoteca pode variar segundo o local, instituição mantenedora, faixa etária a que se destina ou até mesmo em relação às finalidades para as quais ela está sendo criada, considerando fundamentalmente o contexto sócio-cultural onde se insere. (Santos, 1997, p.85).



Dentro de uma perspectiva comunitária podemos destacar a ação da Pastoral da Criança, que norteada pelo seu principal objetivo que é o de mobilizar a família e toda a comunidade para que, num contexto de fé, desenvolvam ações voltadas para a melhoria da qualidade de vida das crianças, desenvolve o projeto “Brinquedos e Brincadeiras” que prioriza o estímulo de brincar nas comunidades, tendo como principal objetivo “estimular nas nossas comunidades o brincar como elemento indispensável ao pleno desenvolvimento das crianças”. (SANTOS, 1997, p.10). Tal projeto propõe assim a implantação de brinquedotecas comunitárias.

A brinquedoteca da Pastoral da Criança se difere das demais por não possuir locais e muito menos recursos para a reunião de um acervo de brinquedos, criando assim características próprias como:

A) O resgate da cultura local, através do estímulo às danças jogos, músicas e outras atividades lúdicas de cada comunidade;

B) O incentivo de brincar junto, em que as famílias, compreendendo a importância das atividades lúdicas, delas participem;

C) O estímulo a atividades realizadas em contato com a natureza;

D) A realização de oficinas de brinquedos, onde os adultos e adolescentes constroem, com material de baixo custo coletado pela própria comunidade, brinquedos que possam ser doados, emprestados ou trocados para as crianças menores;

E) A troca de brinquedos, quando as crianças e as famílias emprestam seus brinquedos industrializados ou construídos artesanalmente, para que todos tenham oportunidade de vivenciar brincadeiras diferentes.

Destaca-se aqui este projeto por ter sido a partir de experiências como voluntária do mesmo, que surgiu o interesse pela pesquisa em questão.



PESQUISA DE CAMPO



A pesquisa de campo ocorreu em uma comunidade da periferia de Imperatriz, onde famílias foram visitadas e acompanhadas em suas necessidades básicas de saúde, nutrição, educação e cidadania, contribuindo assim nas condições favoráveis ao desenvolvimento das crianças.

As famílias, a maioria de baixa renda, apresentam comportamentos diversos e formas variadas de relacionamentos. Alguns são jovens, alegres, bem dispostos, outros mais maduros, alguns mais cansados ou mais acomodados, outros displicentes, enfim, existe um conjunto de fatores que interferem no processo educativo, bem como o nível educacional, os padrões familiares, o meio em que vivem, os costumes e interesses de cada família.

No decorrer da pesquisa, verificou-se que a maioria das crianças acompanhadas de quatro a seis anos pela Pastoral da criança, estavam matriculadas em uma creche nos arredores da comunidade, então, além de se trabalhar com a família, percebeu-se a necessidade de investigar quanto à estrutura física, corpo docente, atividades oferecidas às crianças e ao modo de interagir da escola com a comunidade.

A creche oferece à comunidade três turmas nos períodos matutino e vespertino, sendo Jardim I, Jardim II e Alfabetização, com aproximadamente 60 alunos por turno entre quatro e seis anos de idade, tendo em seu corpo docente uma diretora, uma secretária, seis professoras formadas ou se formando em curso superior.

A pesquisa aconteceu durante quatro meses, de março a junho e ocorreu em dois momentos. No primeiro momento, observaram-se as atividades propostas pelos professores em geral e como as crianças respondiam a essas atividades. Num segundo momento houve a intervenção com a implantação da brinquedoteca e atividades selecionadas cuidadosamente para cada faixa etária.

A creche quanto ao seu aspecto físico, se apresenta com uma sala para a direção, três salas de aula, sendo duas dessas com banheiro (não adaptado às necessidades e ao tamanho das crianças), uma sala de TV e vídeo e uma sala onde ficavam as carteiras e os objetos em desuso. O pátio, pequeno para o número de crianças, na frente calçado com um pequeno jardim e o restante de areia. Nos fundos fica a cozinha e o refeitório

(que a tarde é presenteado com um sol escaldante) e uma passarela calçada, onde no decorrer de um trabalho sobre higiene bucal ficou o escovódromo que a escola possui há muito tempo e estava na sala dos materiais em desuso.

As salas de aula (que eram os quartos da casa onde hoje é a creche), só comportam as carteiras, não havendo espaço para as brincadeiras ou atividades em grupo.As tarefas são mimeografadas e as crianças têm o tempo livre para realizá-las, assim, alguns ficam em pé, outros saem da sala, alguns choram, outros ficam sem fazer.

No período da pesquisa, não presenciou-se momentos dedicados às brincadeiras, a não ser algumas músicas (que as crianças pediram), mas sem objetivos definidos.

Percebe-se no intervalo a desorganização, pois, as crianças não são levadas para lavar as mãos, fazendo fila para receberem a merenda, sentam-se (no período da tarde, no sol) comem, quando acabam vão brincando livremente umas com as outras formando uma correria sem controle, gerando um recreio, muitas vezes, violento.

As professoras, no intervalo ficam na cozinha tomando um cafezinho e conversando, só quando aparece alguém chorando é que tomam providências.

Percebeu-se durante a pesquisa que é preciso dar mais atenção às crianças, conhecê-las, pois pais e professores estão perdidos quando o assunto é educação. A sociedade não está valorizando a brincadeira como deveria, as pessoas não entendem sua importância no processo ensino-aprendizagem.

A família por sua vez, também peca, pois, as crianças não têm espaço e os pais sempre ocupados, não brincam com os filhos, as discussões e brigas em família é outro fator agravante. A criança precisa se sentir segura e isso se consegue com amor, atenção, compreensão, dos pais e educadores.

É urgente resgatar o afeto e o amor que as brincadeiras podem proporcionar, pois delas derivam o lazer, mas, para muitos, são atividades vistas sem importância. Diante das brincadeiras, as crianças desenvolvem segurança, aprendizado, solidariedade, capacidade de estar no lugar do outro.

A busca por novos caminhos na educação de crianças pequenas dá a possibilidade delas crescerem em contato com o mundo, pois quanto mais afeto, mais participação e mais desenvolvimento social e cognitivo.

A educação se dá na interação educador/ educando/ família. Na intenção do adulto para que o processo se realize na criança, então, a escola e a família têm uma missão e devem assumir esse compromisso com vontade, confiança, alegria, inspiração e principalmente dedicação e responsabilidade, para dar sentido à vida presente e futura das crianças envolvidas.

As idéias e experiências construídas ao longo dos anos são absorvidas e assimiladas como parte do nosso ser. Em vista disso, definir um assunto tão especial quanto o brincar infantil e colocá-lo em prática, tentando instigar outras pessoas permitindo assim que aprendam sobre as crianças e suas necessidades básicas no contexto educacional se fez necessário devido à situação atual da educação e as perspectivas em relação ao brincar.

As brincadeiras são instrumentos de realização para o ser humano e diante desse fato trabalhou-se para que as crianças pudessem ser acompanhadas com carinho, colaboração em todos os sentidos, acreditando no potencial de cada uma delas em desenvolver-se e assumir sua autonomia e confiança em si.

Pode-se usar a brincadeira como recurso psicopedagógico, então, buscou-se organizar na sala de objetos em desuso da creche, uma brinquedoteca. Selecionou-se então alguns materiais como caixas de vários tamanhos, garrafas de refrigerantes, tampinhas de várias cores, garrafas plásticas, embalagens vazias e com um pouco de criatividade e sem gastar praticamente nada, brinquedos como o vai e vem, o bilboquê, os instrumentos musicais e outros , foram confeccionados.

Além dos brinquedos de sucata, alguns brinquedos como bonecas, carrinhos, baldinhos de praia, foram doados, e alguns brinquedos pedagógicos foram comprados.

Foram estipulados com a direção da escola, dois dias para as brincadeiras e podia-se ver o brilho no olhar de cada uma das crianças. Os pais empolgados com a brinquedoteca na escola quiseram visitar e dar uma brincadinha; pena que o brincar ainda não é visto como uma possibilidade preventiva por alguns professores, mas com o trabalho na comunidade (a escola se dispôs a manter as portas abertas para as crianças em determinados momentos), com líderes e brinquedistas capacitados, com a formação continuada dos professores e o apoio da diretora, todos terão um novo olhar, uma nova concepção do brincar não só como diversão para as crianças e chatice para os adultos, mas uma etapa educacional que propicia conquistas, convívio social, vivências, escolhas, etc.

Percebe-se que a escola pode dar oportunidade de crescimento ao ser humano. Que um trabalho mesmo que voluntário, pode ser feito com responsabilidade. Que a educação em si não tem uma receita pronta. Que deve-se agir com compromisso para amenizar os males da sociedade. E esse estudo alcançou e possibilitou, apesar das barreiras encontradas, como o preconceito, o sentimento de incompetência, o distanciamento na interação pelas diversidades, a descontração e atitude positiva nas interações mais amigáveis entre as crianças.

Foi possível constatar que a interação através das brincadeiras e dos jogos propostos pode interferir positivamente no desenvolvimento e possibilitar aproximação dos envolvidos no processo, contribuindo assim, para a humanização.



CONCLUSÃO



Na realidade das pequenas escolas dos bairros de Imperatriz, bem como nas famílias que delas participam não se evidenciou a existência de uma cultura do brincar. Tampouco o brincar é visto como um meio desencadeador e estimulador da aprendizagem.

Assim, a prática educativa dessas escolas está marcada por conteúdos e tarefas, padronizados aos comportamentos da criança, gerando momentos de aprendizagem desestimulantes e distanciando-a dos problemas que irá enfrentar na escola e na vida.

Os processos educacionais reclamam atenção! São treinos sistemáticos, buscando uma única resposta certa para as questões; exercícios de prontidão que revelam sempre a mesma coisa; a criança exercita, ligando (quando sabe), coisas que combinam, objetos que se relacionam, procura sempre por cores e números iguais, numa metodologia em que folhas mimeografadas e o livro didático (quando usado) são senhores absolutos.

Tudo isso, numa fase em que a criança está no auge das descobertas. É necessário que, a todo instante, o professor tome consciência da timidez, da liderança, da criatividade, da inteligência e da agressividade dos seus alunos. É primordial que esse professor tenha a consciência que para um bom desenvolvimento do pensamento, da criatividade e da imaginação, são necessários movimentos que se aprendem na mais tenra idade.

Nas famílias, as crianças também não vivenciam o brincar como um momento útil à sua formação, pois seus pais geralmente são analfabetos e não incentivam e não investem na brincadeira, sendo a participação da família essencial à medida que proporciona o prazer de estarem todos juntos.

Dessa forma, as crianças que vivem nesses contextos deixam de usufruir dos benefícios que o brincar poderia lhes proporcionar se fossem lhes dado tempo e espaço apropriados e suficientes para tal. Neste sentido, embasados na teoria sobre o tema em questão, pode-se dizer que tais crianças, atualmente estão tendo prejuízos em seu desenvolvimento de um modo global, por não vivenciarem experiências suficientes e enriquecedoras do brincar nessa fase da vida, não se preparando assim, para o ingresso no ensino fundamental.

Não obstante a tal realidade, a partir de uma intervenção aos moldes do que propõe a Pastoral da Criança, verificou-se que a informação faz a diferença. Conscientizar a família, professores e a comunidade sobre o sentido e a importância da educação diferenciada, estabelece um melhor aproveitamento das habilidades e capacidades desenvolvidas pelas crianças.

Um buscar constante, criando estratégias diferenciadas para a aprendizagem e para a construção da qualidade de vida. Esse é um desafio para quem escolheu tornar o espaço escolar e familiar o mais mágico possível, pois é esse espaço que lá no futuro, as crianças de hoje vão lembrar, em sonhos, fantasias, lembranças, brincadeiras...

Uma das contribuições da Psicopedagogia na instituição escolar é levar a vivência aos pequeninos, para que descubram o prazer de pensar que conduz certamente a uma aprendizagem e a um desenvolvimento pleno.



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Artigo apresentado ao curso de Pós-Graduação em Psicopedagogia da Universidade Estadual do Maranhão, como requisito para obtenção do título de Especialista em Psicopedagogia.



Orientadora: Profª. Ms. Ana Meire Filgueira.



disponivel em http://www.abpp.com.br/monografias/01.htm acessado dia 23/10/2011